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Um vazio preenchido de amor...

Foto do escritor: Marcela BiancoMarcela Bianco


Muitos são os sofrimentos que passamos durante a vida. Muitos são os obstáculos que temos que enfrentar em nossa jornada. E a perda de um ente querido está entre as maiores dores que vivemos e com a qual todos nós iremos nos deparar um dia.


Ao mesmo tempo que é a morte é a única certeza que temos nessa vida, passamos a maior tempo nos enganando de que sempre teremos toda vida pela frente. Alguns de nós realmente conseguimos seguir o caminho proposto de realização. Ouvi recentemente de uma pessoa idosa: - Se eu me for amanhã irei tranquila, pois tudo que eu queria fazer eu fiz!”. Acho que essa é uma serenidade e plenitude que poucos de nós conseguimos alcançar, não é mesmo?


Isso faz pensar que, seja para nossa própria morte ou seja em relação a morte de uma pessoa querida, o que mais nos faz sofrer é “o não vivido”. Todos aqueles momentos que poderíamos ter compartilhado, mas não serão mais possíveis, as palavras não ditas, os afetos não trocados, e todas as memórias que não poderão mais ser construídas.

Por isso que as perdas repentinas, seja por acidentes, doenças de rápida evolução, ataques fulminantes, violência ou suicídio são tão difíceis de suportar. De repente, as vezes em segundos, todas as possibilidades futuras se esvaem como grãos de areia entre os dedos. Não há mais futuro. Há somente uma imensa dor.


Para os que ficam, resta um vazio, uma dor dilacerante e com a qual é preciso aprender a conviver a cada dia. Uma dor que nunca passa, mas ameniza e se transforma. Pelo nosso próprio instinto de sobrevivência, essa dor é tolerável porque precisamos continuar vivendo.


Como diz sabiamente Colin M . Parkes, “o luto é o preço que pagamos por amar.


Um preço alto, mas que vale a pena. Porque se, para não sofrer com a dor da perda é preciso não construir laços de afeto, esse sim seria um valor muito mais alto a se arcar. É preferível ter vivido momentos de amor e afeto dos quais se podemos lembrar e aos quais podemos nos agarrar em momentos de saudade, do que não ter vivido o amor, do que não ter amado.


Para finalizar, deixo um pensamento de Rubem Alves que acredito ir de encontro ao momento:


“Cada momento de alegria, cada instante efêmero de beleza, cada minuto de amor, são razões suficientes para uma vida inteira. A beleza de um único momento eterno vale a pena todos os sofrimentos.”


Que possamos desfrutar desses momentos de beleza com nossos afetos e que isso tudo faça a vida valer a pena!


Autora:



Marcela Alice Bianco é psicóloga clínica especialista em psicoterapia junguiana associada a técnicas de abordagem corporal e psicogerontologia. OPP: 23153/ CRP 06/77338


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