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O que eu conto para você, eu não conto para mais ninguém!

Sobre a importância da entrega e da confiança na relação terapêutica.


- O que eu conto para você, eu não conto para mais ninguém! Essa é uma fala que muitas vezes nós terapeutas escutamos dentro do ambiente psicoterápico. Um processo de grande entrega e intimidade, que permite a pessoa que se dispõe a travessia da descoberta e do autoconhecimento uma verdadeira viagem para dentro de si mesma.


Algumas características da relação terapêutica permitem essa atitude. A primeira delas é o próprio despertar para o processo, que se inicia quando a pessoa, por estar envolvida em algum problema ou sofrimento para o qual desconhece a solução, resolve procurar uma ajuda profissional. Neste ponto, ela fantasia seu potencial terapeuta e projeta nele - assim como projetamos imagens numa tela de cinema - as características necessárias a um curador.


O contato começa e a primeira impressão será essencial para a conexão! Empatia, sensação de acolhimento, ausência de julgamentos, sigilo, ética e neutralidade – requisitos indispensáveis para o início de uma boa relação.


E, a partir disso, uma verdadeira dança terapêutica vai se concretizando no espaço da terapia.


Assim, como ocorre quando dançamos em pares, o paciente conduz os passos, dá o tom e o ritmo da dança. Cabe ao terapeuta, a partir da sua escuta diferenciada e do seu olhar atento compreender esse bailado e ressoar na dança, através de questionamentos, ampliações e orientações que possibilitem a expansão da consciência.


Alguns pacientes dançam tango, outros rock, samba, bolero ou bossa nova. Dentro do próprio espaço da terapia o ritmo e a dança vão mudando, conforme o momento, o caminhar do processo e as descobertas que a dupla vai fazendo.


A cada dança, a afinação do par terapêutico é percebida e com isso a entrega acontece. É possível tentar outros passos, outras músicas e assim, tudo vai, cada vez mais, se tornando espontâneo. Dança terapêutica que promove o encontro profundo do Ser consigo mesmo e com sua intimidade.


E nesta troca, o paciente conta aquilo que nunca contou para mais ninguém e descobre sua humanidade quando escuta do parceiro de dança, seu terapeuta, que suas fantasias, vivências, sombras e mais profundos sentimentos fazem parte de toda a multiplicidade das manifestações do Ser completo e profundo que somos nós.


Assim, o paciente descobre que não dança mais sozinho e que, faz parte de uma grande dança, de uma verdadeira ciranda que é a Vida!


Descobrir-se nessa roda da vida é libertador! Abre-se o espaço para uma dança mais consciente e “encorporada”. Dança da vida, dança da alma, dança da relação!


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